INTERSECCIONALIDADE: Defensoras discutem múltiplas formas de discriminação em curso de capacitação.

O curso trouxe questões de gênero, migração e raça

 Dando continuidade a capacitação sobre gênero, migração e raça, a DPE (Defensoria Pública do Estado), a Comissão dos Direitos das Mulheres da ANADEP, a Coletiva de Defensoras Públicas do Brasil e a Comissão de Promoção da Igualdade Étnico-Racial trouxeram o curso “Interseccionalidade: gênero e raça”, na manhã desta sexta-feira (26), no auditório da DPE.  

A primeira mesa, “Interseccionalidade de Gênero e Raça e acesso à justiça: Aportes e Conceitos” foi composta por Carolina Pires (PUC - RJ), Ana Carolina Mattoso (PUC - RJ), Fabiana Severi (FDRP - USP) e Élida Lauris (FJ).

As convidadas conceituaram interseccionalidade como o surgimento de questionamentos, reivindicações e enfrentamento das mulheres negras dentro do movimento feminista nas décadas de 60 e 70. As mulheres negras percebendo que suas demandas não eram acolhidas, passaram a questionar e reivindicar as abordagens, as representações, as demandas que não eram acolhidas pelas feministas brancas.

“Essa demandas eram referentes à raça, gênero, classe, orientação sexual, idade e dentre outros. Enquanto teoria, a interseccionalidade está pautada dentro da teoria critica racial, um arcabouço teórico legal, que estuda de maneira mais aprofundada essas políticas, praticas e leis pretensamente neutras em relação à raça. Mas ao mesmo tempo, elas perpetuam a subordinação racial e étnica. Então esse é o contexto no qual nasce a teoria da interseccionalidade” ressalta doutoranda da PUC-RJ, Carolina Pires.

O conceito foi pensado por mulheres negras, mas também pode ser aplicado a mulheres indígenas e mulheres que estão em alguma situação de vulnerabilidade.

Na mesa foi mencionada a remoção das favelas do Rio de Janeiro, que de acordo com Carolina, a população residente em favelas é majoritariamente negra e por questões imobiliárias está sendo realizado um processo de reintegração e o respeito a moradia não está sendo respeitada no Brasil.

“Há diferentes hierarquias, diferentes gradientes de opressão dentro de diferentes zonas. Então os conflitos de gênero, de classe, de sexualidade, nacionalidade são vividos de forma diferenciada. Essa linha do humano que é atravessada pela raça, fundamentalmente. A dimensão racial determina de que forma as pessoas irão vivenciar a opressão de classe, a opressão de gênero, dentre outras. Então, a gente já pode entender que não é a mesma opressão, que não é da mesma forma que se vivenciam diferentes conflitos”, explica pesquisadora da PUC – RJ, Ana Mattoso.

As participantes da mesa compreendem que por causa de tais discriminações, é possível ampliar o campo da defesa de direitos, leis ou políticas publicas que versem sobre aquela demanda especifica. A interseccionalidade amplia o campo de trabalho e o campo de utilização das leis.

A capacitação tratou de políticas publicas que possam garantir direitos de um determinado grupo ou individuo, pela perspectiva da interseccionalidade em ampliar o campo para perceber se o direito traz para as pessoas um mecanismo que vai tratar de raça e/ou gênero, a partir dessa lente se pode pensar em novas estratégias de propor políticas publicas para abarcar uma demanda especifica de um determinado publico ou individuo.

 Confira as fotos do evento.

ASCOM DPE (95) 3623-1615

Top