DE HOMEM PARA HOMEM: “Violência causa perda de identidade em mulheres”, diz psicólogo

A afirmação ocorreu durante uma roda de conversa na Defensoria

Falar sobre a violência contra as mulheres é uma discussão que abrange recortes sociais distintos, bem como levanta a questão da importância de combater o feminicídio com a educação em direitos. A perda de identidade das mulheres vítimas de violência foi um dos assuntos debatidos na roda de conversa, presencial e on-line, com o público masculino da Defensoria Pública do Estado, encontro idealizado para conversar sobre a saúde mental e psicológica das vítimas de violência.

De acordo com o psicólogo do Centro de Atendimento Multiprofissional, Ed Luiz Chaves Briglia, mulheres que sofrem violência com frequência passam por um processo de perda de identidade. “A violência psicológica é a mais frequente e menos denunciada. Quando a vítima não consegue sair de uma situação que está ferindo sua existência, ela se esquece de sua identidade e o medo da violência sobrepõe qualquer outro pensamento em sua esfera social”, afirmou, destacando também a importância da rede de apoio psicossocial às mulheres brasileiras e às mulheres migrantes e refugiadas.  

Segundo dados, diversas mulheres estrangeiras que chegam ao estado de Roraima lidam com a violência ou estão com traumas de situações anteriores ao seu processo migratório. “Tendo em vista essas ocorrências, é necessário entendermos que a violência traz danos incalculáveis para mulheres, ainda mais para aquelas em situação de vulnerabilidade social”, corroborou o assistente de proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Pedro Pacheco.

Defensoria tem como missão constitucional defender os direitos humanos e compreender as diferentes nuances da violência contra as mulheres que ocorrem em Roraima, por isso a criação da Defensoria Pública Especializada voltada às mulheres, “afim de  promover o respeito e dar voz para as servidoras e assistidas. Fico feliz que nós temos a possibilidade de construir esses espaços de forma unificada. Precisamos ter esse momento para refletir a nossa representação enquanto homens na sociedade e entender o que isso significa”, lembrou o defensor público-geral, Stélio Dener.

“Em qualquer configuração de sociedade, existem diversos tipos de violências simbólicas que mulheres enfrentam todos os dias e esses danos podem afetar sua saúde física, mental e psicológica”, salientou a defensora titular da Defensoria Especializada de promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, Terezinha Muniz.

Ainda conforme a defensora, a pandemia mostrou a necessidade de discutir a questão, uma vez que o isolamento social ocasionado pela Covid-19 provocou aumento no índice de violência em diversas modalidades. “Atrair a atenção dos homens para conhecer a problemática feminina contribui tanto para formação pessoal deles, como também ajuda a repensar certos comportamentos machistas. Existem vários tipos de violência que causam danos e elas não se manifestam somente nas relações afetivas”, completou Terezinha.

A Defensoria Especializada da Mulher contribui ativamente no planejamento de políticas públicas que visam garantir a efetivação dos direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares, entre outras circunstâncias. Atualmente, o segmento da Defensoria Pública do Estado está lotado na Casa da Mulher Brasileira, que presta um atendimento humanizado e diferenciado para as mulheres.

MASCULINIDADE TÓXICA: O médico psiquiatra da rede estadual de saúde, Dr. Wilson Lessa, integrou o time de convidados para mediar a discussão e, entre seus principais apontamentos, destacou a necessidade de pautas voltadas para o comportamento masculino em geral. “Esse debate deve ocorrer em todos os espaços, sejam eles públicos ou privados. A consciência coletiva ocorre quando estamos em constante mobilização”,  pontuo.

ATIVIDADE:  a roda de conversa ocorreu em alusão ao dia 6 de dezembro,  “Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, data na qual diversas entidades em todo o país se mobilizam para levar informações que possam construir ações coletivas em torno da causa. O evento contou com a iniciativa da Defensoria Especializada de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, com apoio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), o evento “De Homem para Homem” foi ofertado para 30 servidores de forma presencial e 100 vagas foram disponibilizadas para participação do debate por videoconferência.

 

 

 

ASCOM DPE

 

Top