NEGROS E NEGRAS: Pelo fim do Genocídio negro é tema de diálogo virtual na Defensoria

 

Com o objetivo de conversar sobre o fim do genocídio negro, a Defensoria Pública do Estado de Roraima (DPE-RR) promoveu na segunda-feira (24/5), o 2º Diálogo Virtual como parte das políticas afirmativas da Campanha Nacional das Defensoras e Defensores Públicos: “Racismo se combate em todo lugar.” O debate levantou questões importantes sobre as atuações do poder público para combater o racismo nas instituições e na sociedade.

 O bate-papo ocorreu entre a presidenta estadual da Unegro, Glória Rodrigues, e do doutor em Ciência Política pela USP, professor da UFRR, Roberto Ramos, ambos apoiadores da DPE-RR e da Campanha 2021.

 Durante a live, a presidenta da Unegro explicou que, sozinho, o Direito não consegue mudar a realidade do racismo. É fundamental a implementação de políticas públicas. “A gente precisa desmistificar dentro da própria estrutura educacional brasileira, porque sabemos que nem todos têm os mesmos direitos, e quando a Defensoria abraça uma Campanha Nacional como essa, e traz pra dentro de um estado, a gente sente que faz parte disso e quer que os direitos sejam iguais com equidade”.

Foram levantados dados sobre o genocídio contra a pessoa negra no país. Segundo dados do Fórum de Segurança Pública, de 2008 a 2018, cerca de 62% da população carcerária era de pessoas negras. Uma grande incidência de homicídios é contra essas pessoas, principalmente contra as mulheres negras.

 Para o professor, essa é uma triste realidade que poderia ser evitada. “Se nós tivéssemos alcançado as questões de desenvolvimento humano não só na escola, mas no centro de cultura que pudesse fortalecer a Identidade Republicana, essa porcentagem estaria baixa, falhamos como Estado e com essas pessoas”, completou.

 O docente mencionou ainda que o conhecimento é poder e, diante disso, é  necessário mudar o sistema para combater o racismo, começando pela educação. "Levar a educação à sociedade para que se possa oferecer a um jovem - sendo negro ou não - uma estrutura familiar, emocional e educacional de qualidade para um bom desenvolvimento do estado brasileiro."

 

O debate levantou questionamentos sobre o que é preciso fazer para mudar o pensamento e levar políticas públicas eficientes, para médio a longo prazo. “Precisamos mudar nossa forma de educar a população brasileira, não tem como construir políticas públicas se as pessoas não têm acesso ao básico”, afirmou o cientista político.

Glória diz que é preciso trabalhar em redes para alcançar as pessoas que são invisibilizadas. “Acredito que trabalhar essas políticas públicas, não somente elas, mas também prestar auxílio em ações emergenciais, como alimentação, vacina para todos, levando em consideração a pandemia. Precisamos estar firmes, pois atuando diante dos desafios, ninguém consegue nada sozinho, um precisa do outro”, avaliou.

 “Ao negar que não se faça levantamentos do IBGE ou políticas públicas para direcionar recursos para aquelas ações, isso é uma negação do estado, e quando não se tem dados estatísticos para se trabalhar, e a gente continua na invisibilidade, precisamos urgentemente mudar isto”, concluiu a presidenta.

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