MULHERES INDÍGENAS: “Nós vivenciamos o velho problema da falta de uma rede articulada de serviços”, afirma defensora

Capacitação virtual discutiu a garantia de acesso à justiça para mulheres indígenas.
 
 
“Nós vivenciamos o velho problema da falta de uma rede articulada de serviços. É necessário tornar visível, dar voz e compreender a cultura para assim desenvolver trabalhos. Não intervenções de cima para baixo, que não atende as populações indígenas”. A afirmação é da coordenadora da Comissão dos Direitos da Mulher da ANADEP, defensora de Roraima Jeane Xaud, durante a capacitação virtual no Youtube da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (ANADEP).

Durante o evento “Mulheres Indígenas, Defensoria Pública e Garantia de Acesso à Justiça” foram tratados assuntos relacionados aos rituais indígenas com cânticos e defumação de MARUAI; a feminização das migrações e mobilidades - um olhar sobre as mulheres migrantes da Venezuela; violência, demarcação e racismo institucional contra as mulheres indígenas; violência contra as mulheres, territórios, migração e racismo contra os povos indígenas.

Na oportunidade, a defensora pública, Jeane Xaud, pontuou que o evento tinha como principal foco ouvir mulheres indígenas. “Nós temos um compromisso com as pessoas vulnerabilizadas do país. O maior objetivo desse evento é ouvir as mulheres que estão representando seus povos e trazer a voz delas para dentro da Defensoria”, disse.

Para que as demandas indígenas sejam acolhidas, é necessário que haja uma rede articulada de serviços, bem como a compreensão da realidade migratória no estado de Roraima, apontou a defensora de Roraima. Ela ainda complementou que “embora exista segmentos atuando com as agências da ONU, nós [instituições públicas e privadas] seguimos atuando de forma apartada. As demais instituições e organizações têm que fazer a sua parte. Não adianta só acolhermos as demandas judiciais, é importante que a gente vá até eles e escute, pois são povos diversos. É preciso enxergar essa diversidade e não se faz isso sem a interseccionalidade”, comentou.

Os debate contou com a participação da pajé da etnia Macuxi, Vanda da Silva; da refugiada venezuelana Leany Torres Moralefa, da etnia Warao; deputada federal Joênia Wapichana, da coordenadora do programa de proteção da criança e do adolescente no Instituto Pirilampos de Roraima, Alba Gonzalez; da artista indígena contemporânea, Daiara Tukano; da antropóloga Joziléia Daniza Kaingang; e da pesquisadora e assistente social, Angélica Kaingang, além de membras e membros das Comissões da Mulher e da Igualdade Étnico-Racial da ANADEP.
 
 
 
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